
Em 1995, o auge da tecnologia no mercado financeiro era o uso de cheques. Hoje, 30 anos depois, o setor passa por uma transformação digital profunda, com inovações que estão redefinindo a relação de consumo e acelerando a digitalização das transações financeiras.
Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), até 2024, as emissões de cheques caíram 95,87%. Ainda assim, esse meio de pagamento foi utilizado 137,6 milhões de vezes no último ano, evidenciando que, apesar de sua queda expressiva, ainda há consumidores que recorrem a ele.
No entanto, a ascensão de novas tecnologias no setor financeiro tem revolucionado a experiência do cliente e a forma como as empresas operam. O avanço dos pagamentos digitais, inteligência artificial, open finance e blockchain tem permitido transações mais ágeis, seguras e personalizadas.
“A tecnologia deixou de ser apenas um diferencial competitivo para se tornar um fator determinante na sobrevivência das empresas. Quem não acompanha essa evolução corre o risco de perder mercado rapidamente”, destaca o Diretor de Negócios da Lina Open X, Murilo Rabusky.
O futuro do setor financeiro: adaptar-se ou perder o mercado?
Há alguns anos, ir a uma feira livre com dinheiro em espécie era uma prática comum. Hoje, se o vendedor não aceita PIX, cartão de débito ou crédito, muitas vezes, perde a venda para um concorrente mais atualizado. Essa mudança de comportamento reflete uma nova realidade: os consumidores priorizam a praticidade e a segurança nas transações financeiras.
O PIX, criado pelo Banco Central (BC), tornou-se o meio de pagamento mais utilizado no Brasil, adotado por 76,4% da população. Logo atrás, vêm o cartão de débito (69,1%) e o dinheiro em espécie (68,9%), segundo o estudo “O Brasileiro e sua Relação com o Dinheiro”, publicado pelo BC.
O PIX é apenas um dos muitos avanços que estão moldando o futuro do setor financeiro. Para as empresas que desejam se manter competitivas, acompanhar essas inovações não é uma opção, mas uma necessidade. Confira, a seguir, as principais tendências que estão transformando o mercado:
1. Pix por Aproximação: segurança e agilidade nas transações
O Pix, lançado em 2021, rapidamente se consolidou como um dos principais meios de pagamento no Brasil, com mais de 800 milhões de chaves cadastradas, segundo o BC.
Agora, a evolução para o Pix por Aproximação permite que usuários realizem transferências instantâneas utilizando reconhecimento facial ou digital, sem a necessidade de abrir o aplicativo bancário, apenas encostando o celular na maquininha.
Essa inovação aumenta a segurança e a conveniência para os consumidores e pode se tornar um diferencial competitivo para as empresas. “Essa tecnologia amplia o uso do Pix ao melhorar a experiência de pagamento em diversos cenários, como transporte público, compras presenciais e pagamentos em grandes eventos, em que agilidade e capacidade de realizar a transação são fatores essenciais. Esse avanço só foi possível graças à expansão do Pix dentro do Open Finance, permitindo conexões padronizadas e seguras entre as mais de 100 instituições financeiras participantes”, afirma Murilo.
2. Open Finance: transformando a personalização no setor financeiro
O Open Finance possibilita o compartilhamento consentido de dados financeiros entre instituições autorizadas, promovendo a criação de produtos e serviços mais personalizados. Isso estimula a concorrência e a inovação, oferecendo aos consumidores soluções mais adequadas às suas necessidades. Empresas que não aderirem a essa tendência podem perder espaço para concorrentes que oferecem experiências mais customizadas.
“Com a confiança crescente de usuários e instituições, o Open Finance deixou de ser apenas um conceito inovador para se tornar uma infraestrutura fundamental no mercado financeiro. Segundo dados do Banco Central, espera-se que o Open Finance ajude a aumentar os ganhos com portabilidade, ao reduzir as vantagens informacionais das instituições originais e facilitar a busca por melhores ofertas em outros bancos”, destaca o Diretor de Negócios da Lina Open X.
3. Open Insurance: o impacto no mercado de seguros
O Open Insurance segue a lógica do Open Finance, permitindo que consumidores compartilhem seus dados com diferentes seguradoras para obter serviços e coberturas mais personalizadas.
“Esse modelo amplia a concorrência no setor e incentiva a inovação, proporcionando ofertas mais vantajosas e sob medida para cada cliente. Empresas de seguros que não aderirem a essa mudança podem perder relevância frente às novas demandas do mercado”, explica Rabusky.
4. Moeda Digital (Drex): modernização monetária
Com 16 instituições financeiras participando da fase piloto do Drex, a moeda digital brasileira representa um avanço na digitalização do sistema bancário. A expectativa é que essa moeda seja utilizada da mesma forma que o sistema de pagamento instantâneo, o PIX, mas terá diferenças importantes entre elas, como a possibilidade de compra e venda de títulos públicos.
5. Biometria facial: a nova era dos pagamentos
A biometria facial está redefinindo a segurança e a praticidade nas transações financeiras. Conforme dados da Febraban de Tecnologia Bancária 2024, 7 em cada 10 bancos já utilizam essa ferramenta para identificar os clientes. Bancos como Bradesco e Nubank, por exemplo, já utilizam essa tecnologia, tornando o processo de pagamento mais rápido e seguro para os clientes.
6. Inteligência Artificial (IA): eficiência operacional
A IA vem mostrando sua importância em diversos segmentos, e no mercado financeiro não é diferente. O uso dessa tecnologia no setor pode ser visto nas aplicações de biometria facial e chatbots, sendo utilizado por grandes bancos.
De acordo com o estudo da Juniper Research, espera-se que os investimentos globais em chatbots alcancem US$ 72 bilhões até 2028. Além disso, diversas instituições financeiras, principalmente as digitais, já utilizam a tecnologia de biometria facial nas operações via aplicativo.
“A IA tem sido explorada por grandes empresas mundiais há muito tempo e justamente por isso, hoje, podemos ter acesso a serviços que viabilizem a democratização da digitalização financeira. Essa é uma tecnologia que pode impulsionar e transformar as relações de consumo e finanças, com o consequente crescimento e desenvolvimento em todos os setores ”, destaca Murilo.
Para Rabusky, o setor financeiro está em uma jornada de transformação digital, e as empresas que adotam as novas tecnologias estarão mais preparadas para prosperar. “A transformação digital já é uma realidade e avança ano a ano, elevando o nível do mercado no país, além de democratizar o acesso aos serviços bancários. O Brasil, referência mundial em Open Finance, conta com uma tecnologia avançada como o Pix, que também é referência no mundo, e tanto o cliente quanto o mercado só têm a ganhar. As instituições precisam cada vez mais explorar de forma inteligente as oportunidades que surgem com os avanços tecnológicos, e o horizonte se mostra positivo”, finaliza Murilo.
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