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Conheça a história dos amigos de infância que criaram um banco digital para ajudar entregadores e motoristas de aplicativo




Sabe aquela máxima “amigos, amigos, negócios à parte”? Há exceções. A história de Jorge Júnior e Tiago Ribeiro é uma prova disso. Conheceram-se aos 10 anos de idade e viveram a infância muito próximos, até que, nos tempos de faculdade, os caminhos se distanciaram. Logo se reencontraram, decidiram empreender e, hoje, são sócios e gestores da Trampay, um banco digital voltado a trabalhadores informais da chamada “Gig Economy” – os “gig workers” – que este ano já concedeu mais de R$ 200 milhões em créditos. 


Criada em 2019, a Trampay começou a operar em 2020. O primeiro ano foi de muitas dificuldades. Além da pandemia de covid-19 como conjuntura externa, internamente faltava encontrar o plano de negócios ideal. A filosofia era, desde o início, ajudar a vida dos trabalhadores informais – realidade que Jorge conhecia bem, afinal, quando criança, seu pai era office boy. Mas como? Quais categorias exatamente auxiliar?


O empreendimento nasceu como um clube de vantagens. Jorge tinha experiência com essa modalidade: desenvolveu, em seu antigo emprego, um projeto nesse sentido, exitoso, que despertou o interesse de organizações e investidores. No entanto, o negócio não estava deslanchando. Até que, com Tiago, em uma visita de trabalho a uma empresa de operação logística, deparou-se com uma fila de entregadores.


Foi então que Jorge teve o que define como uma “epifania”. “Tínhamos que nos voltar para quem está na ‘UTI’ do trabalho informal”, diz, referindo-se à categoria de profissionais da entrega, caracterizada pela extensa jornada diária, sob condições das mais adversas, e com remuneração instável. “Era fevereiro de 2021. Foi nossa primeira venda”, relembra o empreendedor, que é CEO da Trampay. O amigo e sócio Tiago exerce o cargo de CPO.


Esse é o clímax do roteiro do início da vida da fintech. Antes disso, há a trajetória dos dois amigos e sócios que explica como e por que conseguiram, antes de chegarem aos 30 anos de idade, alcançar a realização profissional. Há muitos sonhos e planos no horizonte, mas o caminho já trilhado de fato inspira.


Como dito, os destinos de Jorge e Tiago se cruzaram quando tinham 10 anos. Era 2006. A família de Jorge chegava a Brasília, vinda do Recife, em busca de melhores oportunidades para a mãe, professora. Havia ligações entre os parentes de ambos. “Minha mãe tinha estudado com uma tia do Jorge”, conta Tiago. A aproximação dos dois meninos se deu na escola.


Na vida universitária, os caminhos se distanciaram um pouco. Estudaram na mesma instituição, a Universidade de Brasília (UnB), porém em cursos distintos, que os levaram a itinerários profissionais diferentes. Jorge optou por Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, e Tiago por Engenharia Elétrica.


Jorge ocupou várias funções. Foi radialista, publicitário, gestor de projetos e seller. Tiago, em paralelo à faculdade, lecionava em cursinhos disciplinas como Matemática, Física e Química, até passar em um concurso para o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Tudo isso, na vida de ambos, ocorreu da segunda metade da década de 2010 em diante.


Na OAB, Jorge pôs em prática um projeto – uma espécie de clube de vantagens – que atendia às necessidades dos associados à Ordem e também às demandas da própria instituição. Os associados, satisfeitos, mantinham as mensalidades em dia, e o sucesso da iniciativa atraía novos filiados. A OAB via sua receita crescer. O trabalho de Jorge ganhou visibilidade. “O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e o grupo do Ratinho [empresário, apresentador] demonstraram interesse em contratar e investir”, cita.


Tiago, enfrentando desafios financeiros e à espera de seu primeiro filho, tomou a decisão de buscar um empréstimo para realizar investimentos estratégicos. Com uma execução cuidadosa, os resultados foram altamente positivos, gerando um retorno expressivo. Essa conquista permitiu não apenas estabilizar sua situação financeira e proporcionar mais segurança para sua família, mas também realizar sonhos, como uma viagem à Europa.


O anúncio da chegada de seu filho também foi o ponto de partida para uma conversa com Jorge. A partir dessa troca, nasceu a ideia de fundar a Trampay, consolidando uma parceria baseada em confiança e visão de futuro.


O primeiro ano foi baseado no garimpo de vendas, situando o plano de negócios ideal, e hoje, quase cinco anos depois, a Trampay já emprestou mais de R$ 200 milhões em 2 milhões de transações. O aplicativo da conta digital tem mais de 20 mil downloads.




Mais do que fornecer recursos financeiros aos trabalhadores informais, a Trampay busca promover dignidade a essa categoria. Além de crédito, a startup oferece um ponto de apoio em Brasília, equipado com salas de descanso, reuniões, guarda-volumes, micro-ondas, geladeira, telefone e tomadas para carregar celulares. A empresa já recebeu importantes prêmios, como o Menos30Fest (do Grupo Globo), o Pitch Brasil (do Movimento Black Money e TikTok), e foi destacada pela Forbes como uma das startups lideradas por empreendedores negros mais promissoras do país. Para os sócios e executivos, essas conquistas representam um reconhecimento de que estão no caminho certo.

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