O ecossistema de fintechs está aquecido no Brasil. De acordo com o estudo “Fintech en América Latina y el Caribe – un ecosistema consolidado con potencial para aportar a la inclusión financiera regional”, publicado em junho deste ano pela BID, o Brasil é o país que mais reúne plataformas desse tipo na América Latina, com 24% do total. Além disso, 21% delas são da vertical de pagamentos; 19% de empréstimos; e 13% de gestão financeira empresarial. Ainda, a pesquisa “Fintech Deep Dive”, de 2023, da PwC, indica que apenas 6% das fintechs atuam hoje com foco exclusivo em B2C, oferecendo soluções para o consumidor final, o que indica potencial de mercado pronto para ser explorado.
Atentas a esta tendência, algumas empresas já têm oferecido soluções de pagamento aos clientes, misturando tecnologia com serviços financeiros: a Vivo, por meio da Vivo Pay, recebeu autorização recente do Banco Central para atuar como fintech de crédito - anteriormente o serviço era chamado de Vivo Money e abarcava o serviço de empréstimo; já a Natura ganha mercado com o Emana Pay, utilizado para suprir as necessidades de soluções financeiras e de pagamento das consultoras do grupo.
Neste cenário em que diversas empresas e o varejo têm engolido os bancos, muitos setores podem oferecer soluções financeiras diretamente aos clientes, facilitando transações e melhorando a jornada de compra com mais personalização, num movimento chamado de embedded finance, quando empresas não financeiras originalmente passam a oferecer serviços do tipo. Uma estimativa da Deloitte, empresa de consultoria, auditoria e gestão, mostrou que até 2026 os serviços embutidos devem gerar receita de R$24 bilhões, com destaque para os setores de varejo, bens de consumo e outros serviços, que movimentam mais de 35% do PIB. Com cada vez mais empresas e varejo se transformando em fintechs nesse boom de oportunidades, plataformas de soluções de meios de pagamento podem funcionar como intermediadoras entre empresa e cliente ao oferecer uma estrutura completa para o serviço de embedded finance.
Esse é o caso da RPE - Retail Payment Ecosystem, que tem trabalhado para consolidar os serviços financeiros embutidos em outros segmentos fora do varejo tradicional, abrangendo diversos clientes que gostariam de diversificar a própria receita. Hoje, alguns dos clientes que já usufruem do serviço da RPE - Retail Payment Ecosystem são o Grupo Pereira, varejista com atuação em cinco estados e no Distrito Federal; MartMinas, rede de atacarejo; Condor, rede de supermercados; Tenda Atacado, varejo do segmento de autosserviço; Cassol; Lojas Torra, rede varejista de moda; e Avenida.
Pedro Albuquerque, cofundador e diretor de Novos Negócios da RPE, comenta que, no geral, algumas empresas não têm ideia de que também podem usufruir deste mercado. “Existe uma diferença entre embedar finanças em empresas que são do varejo e em empresas de outros segmentos, mas que também são varejistas. É mais fácil eu falar para um supermercado que ele pode oferecer um cartão para o seu cliente do que para uma loja de cosméticos, mas os dois podem e se beneficiam com isso”, analisa. Segundo ele, o que falta para os outros setores é um pouco mais de maturidade para entender os benefícios de iniciar no embedded finance, saber qual o investimento necessário e ainda o quanto realmente o cliente estará mais fiel a partir da contratação de um serviço financeiro embedado.
“Aqui na RPE, focamos em soluções de meios de pagamento para varejistas dos mais variados segmentos. Se o varejista tiver um e-commerce, ele pode usar a nossa ferramenta para conhecer melhor o cliente. Com ela, é possível oferecer uma jornada de compra mais digitalizada. Seja ele de e-commerce ou não, o varejista também consegue ofertar crédito pré-aprovado para um perfil de cliente específico, que ele identifica via ferramentas de CRM próprias juntamente com as ferramentas de jornada de pagamento da RPE. Por exemplo, se o consumidor clicar numa blusa de um modelo específico da cor azul, que custa um preço específico, ele terá disparado várias informações sobre esse interesse dele no produto. Quando ele entra numa loja física, pega um produto, tira da gôndola, bipa o produto e coloca na gôndola novamente, ele também espalha várias informações sobre o comportamento de compra dele, dados esses que podem ser coletados e analisados com as ferramentas de CRM do varejista. Dentre esses dados distribuídos, também tem o dado de pagamento, ou seja, como é o comportamento do cliente no momento do pagamento. É aqui que a RPE entra, trazendo tecnologia e uma jornada fluida para o cliente fazer a compra. Então, o que acontece é a união das ferramentas de CRM do cliente com as ferramentas de jornada de pagamento da RPE. Dessa forma, a compra garante ao varejista mais adesão e um cliente mais fiel, impulsionando as vendas no varejo e gerando rentabilidade ao varejista”, explica Pedro, citando que esses dados ainda são utilizados de forma muito inicial pelo varejo brasileiro.
O especialista cita o cartão de crédito como outra ferramenta importante de fidelização do cliente, que ajuda a entender o comportamento de compra dele e a entregar a melhor solução possível para o que ele precisa. “A compra com o cartão é mais uma informação que o varejista pode usar para saber como ele pode dar uma oferta mais direcionada ao que o consumidor precisa, utilizando uma inteligência de dados por trás. Se o varejista não tem o próprio cartão, ele não tem a informação, então ter o próprio serviço financeiro garante mais autonomia e é mais uma forma de dar rentabilidade ao negócio”, reitera o especialista, garantindo que oferecer serviços financeiros próprios é uma oportunidade escalável.
“O primeiro passo que o varejista pode dar é entender o modelo de negócios e oferecer um cartão próprio. A partir disso, mais tarde, ele pode oferecer uma jornada sem cartão físico, transacionando com biometria, por exemplo, e trazendo mais segurança e digitalização ao processo”, complementa Pedro.
“As soluções da RPE estão hospedadas em servidores cloud, garantindo escalabilidade e segurança em datas comemorativas, como Black Friday e Natal, quando o volume de transações cresce exponencialmente e o varejo não pode perder performance e qualidade, principalmente nas jornadas de compras e pagamentos, para que o varejista consiga continuar atendendo os clientes dentro do esperado”, finaliza.
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