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O Open Finance vai mudar a sua vida (para melhor)




Muita gente não entendeo motivo de ter taxas de juros tão altas quando vai fazer um empréstimo, mesmo sendo um bom pagador. Conforme mostraremos na sequência, trata-se de um problema comum do mercado financeiro e que o Open Finance, também chamado de sistema financeiro aberto, surge para resolver.


Assimetria de informações: um "velho" conhecido do mercado financeiro


A Assimetria de Informações é um conceito da microeconomia (que foi tema do Prêmio Nobel de Economia em 2001) que representa uma falha do mercado. Ela aparece quando uma das partes possui mais informações sobre um produto ou serviço do que a outra.


Imagine um indivíduo que possua um carro com 3 anos e meio de uso. Considerando apenas esse tempo, o carro supostamente seria “praticamente novo”. Porém, imagine que o indivíduo nunca tenha trocado óleo nem levado o carro para revisões. Isto é um problema mais grave que é uma informação que apenas este indivíduo sabe. Se ele ocultar isso na hora da venda, o comprador acaba sendo lesado por causa de uma assimetria de informação, podendo ter consequências financeiras.


Assim, há uma falta de informações que pesa apenas para um lado. Num cenário ideal, todas as partes envolvidas deveriam ter as informações semelhantes, formando uma concorrência perfeita. Porém, na realidade isso não acontece, colocando algum dos lados em desvantagem.


No mercado de crédito esta falha é muito comum: há a assimetria de informações entre os bancos e os tomadores de empréstimos. Com isso, os bancos não possuem as mesmas informações sobre o histórico de um cliente, logo, fica mais difícil saber se o indivíduo é um bom ou mau pagador.


Junto da Assimetria de Informações surge outro fenômeno, chamado de Seleção Adversa. Trata-se do cenário em que os compradores, sabendo que podem ser lesados, tendem a “embutir” este fator no valor.


A Seleção Adversa faz com que as instituições financeiras possam preferir não aumentar a taxa de juros e decidam emprestar menos dinheiro, fazendo um “racionamento” do crédito.


Open Finance: a tecnologia que vem para revolucionar


O mercado financeiro vem passando por diversas transformações, resolvendo, inclusive, algumas falhas. Uma destas falhas que passa a ter um grande personagem para a sua resolução é justamente a Assimetria de Informações, com o uso do Open Finance.


Este conceito começou a ganhar forças em 2015, na Europa. Naquele momento, o Parlamento Europeu regulamentou a Diretiva de Serviços de Pagamentos (PSD2), para criação de um mercado único de serviços por meio de pagamentos integrados, com segurança e eficiência.


Em 2016, no Reino Unido, passou-se a exigir que os maiores bancos do mercado permitissem às novas empresas licenças e acesso direto a seus dados para transações de conta corrente. Já em 2018 foi criado o Open Banking Limited.


No Brasil, o conceito começou a ser explorado pelo Banco Central, e ganhou forças em 2020 com o projeto Open Banking. A ideia foi criar um sistema que estimulasse a competitividade entre instituições financeiras, com a geração de serviços financeiros mais baratos e melhores.


Com a permissão de cada correntista, as instituições passaram a se conectar diretamente às plataformas de outras instituições participantes, acessando os dados autorizados pelos clientes.


O projeto ocorreu em quatro fases:


  • Fase 1: O Open Banking começa com as instituições participantes disponibilizando ao público informações padronizadas sobre os seus canais de atendimento e as características de produtos e serviços bancários tradicionais que oferecem. Nessa fase, não será compartilhado nenhum dado de cliente


  • Fase 2: A partir dessa fase, os clientes, se quiserem, podem solicitar o compartilhamento entre instituições participantes de seus dados cadastrais, de informações sobre transações em suas contas, cartão de crédito e produtos de crédito contratados.


  • Fase 3: Nessa fase, surge a possibilidade de compartilhamento dos serviços de iniciação de transações de pagamento e de encaminhamento de proposta de operação de crédito.


  • Fase 4: Dados sobre outros serviços financeiros passam a fazer parte do escopo do Open Banking. Os clientes – sempre que quiserem e autorizarem - poderão compartilhar suas informações de operações de câmbio, investimentos, seguros, previdência complementar aberta e contas-salário, bem como acessar informações sobre as características dos produtos e serviços com essa natureza disponíveis para contratação no mercado.



Como benefícos, passam a se fortalecer: novos modelos de negócios, consumidor no centro, portabilidade de relacionamento entre instituições, inclusão de segmentos desassistidos, maior transparência e empoderamento financeiro.


Como, além dos serviços bancários, outras modalidades como seguros, câmbio e investimentos passaram a ser englobadas, o Open Banking passou a se chamar Open Finance.


Vale lembrar que o Open Finance está de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e sempre deverá haver consentimento do usuário sobre quais dados ele deseja compartilhar. Com estes dados, as instituições financeiras podem receber ofertas de serviços financeiros de acordo com o perfil de cada cliente.


Open Finance e melhorias no Mercado Financeiro


O Open Finance foi criado para trazer melhorias em vários aspectos relacionados ao mercado financeiro.


No mercado de crédito, o compartilhamento do histórico e das informações facilita na análise do risco de crédito por parte das instituições financeiras, podendo oferecer melhores condições aos usuários em empréstimos, financiamentos e até no cartão de crédito!


Na gestão financeira, o Open Finance também vai ajudar, e muito! Aplicativos de controle financeiro pessoal e empresarial poderão utilizar as informações para planejamento e controle de forma cada vez mais automatizada.


Nos investimentos, cada vez mais as plataformas vão permitir aos investidores obterem informações sobre vários tipos de ativos e como aplicar neles.


O Open Finance já é uma realidade aqui no Brasil. De acordo com o Banco Central, o sistema já conta com mais de 4 milhões de usuários e 250 milhões de chamadas de API por semana, representando o maior volume do mundo.


Recentemente a Serasa realizou um estudo apontando que o Open Finance pode colaborar na inclusão de 4,6 milhões de pessoas no mercado de crédito, com a injeção de R$ 94 bilhões de crédito para pessoas físicas em 5 anos. Percebe-se, com isso, uma inclusão financeira acelerada.


Porém, ao mesmo tempo que existe um cenário de oportunidades, é muito importante ficarmos atentos aos riscos, principalmente com os golpes e fraudes.


O que podemos esperar é um mercado financeiro mais competitivo. Quem ganha é o usuário, com melhoria nos serviços oferecidos, maior personalização e novas soluções mais adequadas ao que cada um busca.


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