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O Real pode mesmo ser digital?


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A moeda de um país é o principal mecanismo de compras da sociedade, é a partir dela também que a força de uma nação é parametrizada: uma moeda forte representa uma nação mais equilibrada e economicamente estável; já uma moeda fraca, pode representar menor consumo da sociedade, inflação alta e, consequentemente, um país fragilizado, que apresenta dificuldades nas questões socioeconômicas.


Como exemplo de moeda forte, podemos citar o Dólar, Euro ou Libra, países ou blocos econômicos, que possuem tendência de ser líderes globais em diversas questões. Por outro lado, atualmente, a Argentina, com alta inflação e instabilidade financeira, vê a moeda do país, o Peso, perder valor em meio a um cenário econômico complexo.


O Brasil, que é um dos países com maior potencial econômico do mundo, mesmo com a grande flutuação do Real em relação às moedas mais fortes nos últimos anos, iniciou recentemente o processo de bancarização da população brasileira e a digitalização de sistemas financeiros no país, o que provavelmente trará ainda mais tecnologia para as transações realizadas no país.


Segundo dados do Banco Central, pouco antes da pandemia, em 2019, o Brasil possuía 165,6 milhões de pessoas bancarizadas. Hoje, são mais de 188,3 milhões, representando um crescimento de quase 14%. Estima-se que o país possua apenas 16% da população adulta fora do sistema financeiro.


O Real Digital é uma iniciativa que vai de encontro com a total digitalização prevista por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e chega para modernizar o sistema financeiro e consolidar a digitalização da economia brasileira. Open Finance e PIX foram os precursores para a digitalização e abriram caminho para o Real Digital, que terá uma vertente diferente de tudo que existe no mercado atual.


Real Digital


O Real Digital será nada mais que uma versão virtual da moeda física, como conhecemos hoje, com a mesma conversão e valor. Ele poderá ser utilizado para realizar transações comerciais, pagamentos, transferências e remessas, entre outras operações financeiras. A moeda digital terá paridade e será linear com o Real - um para um; podendo seu usuário decidir por qual moeda ele deseja transacionar.


A ideia, assim, é criar uma forma de pagamento eletrônico, mais segura e eficiente, que possa ser utilizada por qualquer pessoa ou empresa que tenha acesso à internet. A expectativa é que sua circulação seja garantida pela autoridade monetária brasileira, como acontece com a moeda física atualmente. Além disso, especula-se que o Real Digital possa ser integrado a uma plataforma de blockchain, o que permitiria maior rastreabilidade e segurança nas transações realizadas utilizando a moeda digital.


Diferentemente do Bitcoin, que são moedas digitais descentralizadas e funcionam em uma rede blockchain pública, o Real Digital deverá ter o controle e regulamentação de uma rede comandada pelo próprio Banco Central.


Qual será o impacto do Real Digital na sociedade brasileira?


Tradicionalmente, a sociedade brasileira esteve muito conectada com “pagamentos físicos”. Dinheiro em espécie, cartões de crédito e de débito sempre fizeram parte das compras e do dia a dia do cidadão no país, mas o movimento de digitalização que atingiu o mundo como um todo tem mudado não somente o modo como o brasileiro consome, mas também como paga suas contas e realiza suas atividades financeiras.


De acordo com dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), sete em cada 10 operações bancárias realizadas no país em 2021 foram feitas por meio do celular ou internet.


A digitalização do brasileiro pode ser um aliado para o Real Digital que, ainda em fase de testes, demonstra potencial para dar continuidade ao desenvolvimento do cidadão dentro de um ambiente que cada vez mais é parte essencial da sociedade.


Vantagens


A chegada do Real Digital pode trazer inúmeros benefícios para a sociedade brasileira, segundo o Banco Central, entre eles:

  • Redução do uso do dinheiro em papel: ainda de acordo com o Banco Central, o dinheiro em papel representa 3% do montante disponível para operações no Brasil. A chegada do Real Digital poderia concentrar as operações no mesmo, diminuindo a necessidade da emissão de cédulas e moedas;

  • Inibição de crimes: crimes conhecidos no país, como lavagem de dinheiro podem ser diminuídos com a presença do Real Digital, pois ele elimina a necessidade da conversão monetária, podendo ser utilizado em qualquer lugar do mundo;

  • Estímulo à concorrência no ambiente digital: de acordo com um levantamento do Banco de Compensações Internacionais (BIS), mais de 80% dos bancos centrais do mundo estão desenvolvendo moedas digitais. Além disso, potências estabelecidas no cenário mundial, como China, Estados Unidos e Japão já possuem moedas digitais.

Apenas o futuro irá validar as projeções do Banco Central para o Real Digital e para o papel do cidadão brasileiro dentro deste sistema, mas as expectativas se tornam positivas ao observar o recente crescimento do uso de aplicativos bancários, a ascensão meteórica do Pix, e da própria conscientização do cidadão quanto à modernização dos processos.

Por Orli Machado, CEO da C&M Software


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