Em um movimento significativo para a inovação financeira global, os Estados Unidos começam a definir um padrão de QR Code para pagamento, semelhante ao Pix, pagamento instantâneo desenvolvido pelo Banco Central do Brasil. A Accredited Standards Committee X9 Inc. (X9), Grupo Consultivo Técnico (TAG) dos EUA para o Comitê Técnico Internacional de Serviços Financeiros, anunciou recentemente o desenvolvimento de um novo padrão de pagamentos instantâneos via QR Code.
O objetivo é criar uma solução que ofereça praticidade, comodidade e segurança tanto para comerciantes quanto para consumidores e que permita que toda pessoa, portando qualquer aplicativo bancário ou wallet, possa pagar contas, impostos e lojas independente do banco ou adquirente usado por quem está cobrando - exatamente como é o Pix no Brasil. A diferença é que o padrão americano não ficará preso a um único trilho de pagamento, dado que já existem mais vários disponíveis.
O Pix, que se consolidou rapidamente no Brasil, revolucionou o mercado financeiro ao permitir transferências instantâneas de valores entre contas bancárias ou de pagamento por diferentes formas de inicialização, sendo o QR code responsável por aproximadamente 43% das transações. Com mais de 100 milhões de usuários e uma ampla adoção em transações cotidianas e empresariais, o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos tornou-se um exemplo mundial de simplicidade, eficiência e segurança para meios de pagamentos.
Segundo Carlos Netto, CEO da Matera – empresa brasileira responsável por mais de 10% das transações Pix no país – a tecnologia do QR Code será fundamental para o mercado americano, pois permite que haja uma adoção padronizada por todas as instituições financeiras.
“Os EUA possuem o FedNow, RTP, Zelle, entre outros, mas não existe um QR Code padrão. Com isso, apesar de terem ‘mais de um Pix’, o uso não é tão intenso e efetivo quanto no Brasil. A padronização para apenas um QR Code agnóstico permitirá que os bancos arbitrem entre os vários trilhos disponíveis, transação a transação, dando ao usuário uma experiência de pagamento mais consistente e transparente como a existente no Brasil”, explica o executivo.
Carlos destaca ainda que a adoção dessa solução pelos EUA pode, no futuro, facilitar a interoperabilidade com sistemas de pagamento internacionais. “Apesar das redes nos EUA, Pix do Brasil, UPI da Índia, CODI no México, NPP na Austrália e assim por diante, não serem interconectadas entre si, um aplicativo dos EUA pode ser capaz de ler qualquer um destes QR Codes e pagar através de um parceiro local. O padrão EMVco, usado no Brasil, facilita isso pela identificação do arranjo que gerou o QR Code. No final das contas, um cidadão Americano poderá viajar os vários países onde o QR Code é popular e pagar lá, com seu saldo bancário, de forma tão transparente como é hoje quando usa um cartão internacional, mesmo que estas redes não sejam conectadas entre si. O aplicativo do Banco aliado aos padrões de QR Code geram esta rede global virtual”, afirma.
O sucesso do modelo brasileiro tem atraído a atenção da ASC X9, que convidou a Matera a colaborar no desenvolvimento de um padrão de pagamento. A empresa participou da criação de um plano de projeto e na organização de um grupo de trabalho focado na implementação dessa nova tecnologia. As operações do novo sistema têm previsão de início para setembro deste ano, com a X9 contando com a expertise da Matera para garantir um desenvolvimento baseado numa experiência bem sucedida e comprovada.
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