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Qual é o papel das fintechs no mercado financeiro?


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As fintechs estão em franca expansão no Brasil. Um estudo da ComScore sobre a digitalização bancária na América Latina revelou que, em 2021, 73% dos brasileiros já tinham acesso ao internet banking, que é o termo utilizado para descrever transações financeiras e operações de dados realizadas por meio de sites bancários na web. Esse número colocou o Brasil, desde então, como líder na digitalização bancária na região, superando Chile, Argentina, Colômbia, México e Peru.


Segundo a definição do Banco Central, “fintechs são empresas que introduzem inovações nos mercados financeiros por meio do uso intenso de tecnologia, com potencial para criar novos modelos de negócios. Atuam por meio de plataformas online e oferecem serviços digitais inovadores relacionados ao setor”. No Brasil, há várias categorias de fintechs: de crédito, de pagamento, gestão financeira, empréstimo, investimento, financiamento, seguro, negociação de dívidas, câmbio, e multisserviços.


As fintechs e a digitalização financeira no Brasil


As fintechs desempenham um papel fundamental na digitalização financeira no país, e a relação entre elas está intrinsecamente ligada. O número de transações financeiras registrou um crescimento recorde de 30% nos últimos onze anos, sendo impulsionado principalmente pelo aumento das transações nos canais digitais. O dado é da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023, e reflete a adesão do brasileiro a tecnologias como o Pix, o WhatsApp e o Open Finance, entre outras, que fazem parte da digitalização financeira no país.


A digitalização financeira, resultante dos investimentos da indústria bancária em tecnologia, também passaram a transformar a jornada do cliente das instituições. Com isso, se ampliam as possibilidades de realização de transações e consultas, contratação de produtos/serviços e interação com os bancos.


“As fintechs se concentram em utilizar tecnologias inovadoras para fornecer serviços financeiros de forma mais eficiente e acessível, desempenhando um papel essencial na digitalização do setor financeiro, pois introduzem novas abordagens e tecnologias para tornar as transações financeiras, a gestão de ativos e outros serviços financeiros mais digitais e acessíveis. Além disso, a ascensão das fintechs pressiona os bancos e instituições financeiras tradicionais a adotarem estratégias de digitalização para competir. Isso leva a uma maior digitalização do setor como um todo, à medida que os bancos investem em tecnologias e serviços digitais para atender às expectativas dos clientes”, ressalta o CEO da fintech Lina OpenX, especializada em infraestrutura tecnológica para a economia de compartilhamento de dados, Alan Mareines.


Transformação digital no sistema bancário


As fintechs oferecem uma ampla gama de serviços financeiros totalmente digitais, como pagamentos móveis, transferências de dinheiro, empréstimos online, gestão de investimentos e outras atividades e serviços, o que contribui diretamente para a digitalização. Além disso, há a priorização da experiência do cliente, o que incentiva os consumidores a adotarem tecnologias financeiras digitais.


A inovação é um ponto fundamental em relação às fintechs, que adotam tecnologias emergentes como inteligência artificial, aprendizado de máquina, blockchain e biometria, entre outras, para criar soluções focadas em melhorar a segurança e a eficiência das operações financeiras.


“Vale ressaltar que as fintechs têm o potencial de expandir o acesso aos serviços financeiros para populações que historicamente estiveram subatendidas ou desbancarizadas. Isso é possível por meio de soluções financeiras digitais que podem ser acessadas por meio de dispositivos móveis”, destaca o CEO da Lina OpenX.


O Open Finance e a conexão com as fintechs

A pesquisa Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023 também mostra que, entre as prioridades dos bancos para este ano está o Open Finance. O estudo detectou um crescimento de 971% em 2022 na quantidade de usuários pessoa física em comparação com o ano anterior. 80% dos bancos respondentes do levantamento afirmam que até 10% de sua base de clientes aderiu ao Open Finance, número que deve apresentar novo crescimento neste ano.


Open Finance é um conceito que se refere à prática de abrir dados e sistemas financeiros tradicionalmente fechados para permitir maior interoperabilidade, compartilhamento de informações e competição no setor financeiro. É uma extensão do conceito de Open Banking, que se concentra principalmente no compartilhamento de dados de contas bancárias com terceiros autorizados.


No contexto do Open Finance, instituições financeiras, como bancos, seguradoras e empresas de investimento, são incentivadas a compartilhar uma variedade mais ampla de informações financeiras com as fintechs. Isso pode incluir dados sobre contas bancárias, investimentos, seguros, empréstimos e outros produtos financeiros, de forma segura.


“A transformação do sistema financeiro brasileiro para o modelo “Open” é muito mais do que uma agenda regulatória. Estamos vivenciando uma verdadeira revolução e caminhando para um moderno ambiente digital de negócios no mercado financeiro brasileiro”, destaca Mareines. O Open Finance no Brasil é tido como referência mundial. Com pouco mais de dois anos de operação após o lançamento como Open Banking, a implementação do sistema brasileiro já é um case de sucesso.


A transição do Open Banking para o Open Finance começou em dezembro de 2021, quando iniciou-se o compartilhamento de dados entre as instituições financeiras a partir da regulamentação do Banco Central. No primeiro trimestre de 2023, foram adicionados por mês, em média, cerca de 3,2 milhões de novos consentimentos, sendo a maioria de pessoas físicas.


O país está entre aqueles com maior adesão ao sistema e, em breve, deve superar o Reino Unido na liderança do ranking “Global Open Finance Index” em relação ao desenvolvimento do ecossistema de compartilhamento de dados. Segundo a consultoria Oliver Wyman, 60 milhões de brasileiros devem participar deste ecossistema até 2025.


“As fintechs criam um ambiente propício para o crescimento de startups e empresas de tecnologia financeira, gerando empregos, estimulando o investimento e promovendo a pesquisa e o desenvolvimento na área financeira. Também têm o potencial de melhorar a acessibilidade, eficiência e inovação no mercado financeiro, o que pode ter um impacto positivo na economia como um todo. No entanto, é importante observar que o sucesso das fintechs depende de regulamentações adequadas, segurança cibernética robusta e práticas éticas para garantir que os benefícios sejam maximizados e os riscos minimizados”, conclui Mareines.

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