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Uso do Bitcoin como meio de pagamento ainda é limitado, mas tendência é aderência cada vez maior




O uso do Bitcoin como meio de pagamento no dia-a-dia das empresas e consumidores se limita, hoje, a poucas tecnologias disponíveis no mercado, como a Lightning Network (rede de pagamentos encontrada em alguns estabelecimentos) ou o BitPix, da Bipa, a maior plataforma de compra e venda da criptomoeda na América Latina. Mas a tendência é que, nos próximos anos, existam cada vez mais formas de utilizar o blockchain não somente como poupança e investimento, mas também como moeda de troca nas transações cotidianas, de acordo com especialistas do setor. 


Caio Leta, o head de pesquisa e conteúdo da Bipa, indica que atualmente cerca de 75% do bitcoin em circulação não são utilizados em gastos e transferências há pelo menos seis meses. Isto é, trata-se de um ativo digital destinado basicamente a poupar recursos e gerar dividendos. Porém, acredita o analista, essa realidade deve mudar conforme aumenta a demanda pela criptomoeda. As estimativas desse mercado sugerem que entre 2021 a 2024 a quantidade de brasileiros que investem no criptoativo passou de 4,9% para 17,4% dos investidores. 


“Como o bitcoin é uma moeda mais forte que o dólar, as pessoas preferem guardá-lo do que utilizá-lo em transações. O bitcoin armazenado e usado como poupança é uma forma de preservar o poder de compra”, observa Caio. “Mas, assumindo que os lugares começarão a aceitá-lo como meio de pagamento, não haverá diferença nenhuma para o consumidor. Ele pagará com bitcoin em vez de pagar com reais”, afirma.


Dentre as tecnologias já disponíveis no mercado, a chamada “segunda camada” do blockchain, por exemplo, conhecida como rede Lightning, permite que o bitcoin seja utilizado no dia-a-dia. Foi graças a esta tecnologia que El Salvador conseguiu adotar o bitcoin como moeda de curso legal em setembro de 2021, de acordo com Leta. Já a Bipa oferece o BitPix, que é uma solução que permite que as pessoas façam pagamentos com bitcoin em estabelecimentos que não aceitam a criptomoeda, ao converter o saldo que a pessoa tem na conta digital para reais e efetuar o PIX.


Leta ressalta ainda que transações com bitcoin são tão seguras quanto gastos comuns.  “A transação pode preservar tão bem a privacidade do usuário quanto o dinheiro físico, desde que o usuário saiba como utilizar o bitcoin corretamente”, ele diz. “O bitcoin é muito mais seguro que qualquer outra moeda, seja do sistema tradicional ou outras criptomoedas. Por que? Porque ele é o único que tem uma política de emissão pré-definida e, diferente de outras moedas, não são algumas poucas pessoas que controlam o que vai acontecer com ela”, acrescenta.

 

Pontos de atenção


Entretanto, Leta chama atenção para o fato de que o bitcoin, por suas características, ainda deve ser visto principalmente como um meio de investimento e poupança. “Bitcoin é um investimento de longo prazo que deve ser buscado somente por pessoas que pretendem deixar o capital no ativo ao longo de pelo menos cinco anos”, indica o analista. “No curto prazo, a volatilidade do bitcoin assusta, por isso o ideal é ter esse horizonte temporal mais expandido, visto que no longo prazo a volatilidade sempre foi para cima. O ideal é utilizar o bitcoin como poupança e não querer ganhar dinheiro rápido como muitos traders tentam convencer as pessoas”, ele diz.


O head da Bipa destaca ainda que há investidores com 50% ou até mesmo 100% do seu patrimônio em bitcoin, enquanto outros preferem não se aprofundar tanto nesse mercado e reservam apenas algo entre 1% e 5% da sua carteira de investimentos. “As duas abordagens são válidas e geralmente as pessoas que começam com alocações menores vão aumentando essa alocação conforme elas estudam mais a tese do bitcoin”, conclui. 

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